A disbiose intestinal ou disbacteriose é a alteração da microbiota intestinal produzida como resultado de um desequilíbrio entre bactérias benéficas e bactérias danosas. A microbiota (população de bactérias) intestinal é composta por uma comunidade de bactérias complexas que vivem no nosso trato digestivo.
Estima-se que a quantidade de bactérias e espécies que vivem no intestino é maior que qualquer outra microbiota do nosso corpo, constituem 30 a 400 trilhões de microorganismos, incluindo bactérias, vírus e alguns eucariotos que colonizam o trato digestivo.
Como é a evolução do trato digestivo?
Ao nascer, o trato digestivo humano é estéril, sendo colonizado por determinantes pré-natais, como o modo de parto (principalmente o normal, por ter contato direto com a microbiota fecal da mãe), a idade gestacional, a dieta, o uso de antibióticos, a idade e os microorganismos do trato digestivo materno.
Essas milhares de criaturas microscópicas, que coabitam em nosso sistema digestivo, funcionam e interagem como um autêntico ecossistema metabolicamente ativo e muito versátil. As formas de associação ou interação entre os seres vivos têm sido estudadas há muitos anos, de acordo com a Associação Americana de Parasitologia, toda associação de espécies diferentes é uma simbiose (sin=junto; bio=vida; osis=condição), esse termo foi criado em 1879 por Antonon Bary. Assim, dependendo do grau de vínculo metabólico estabelecido entre dois organismos, a simbiose pode ser de diversas formas:
- Forésia: quando na associação entre dois organismos de espécies diferentes, uma delas busca apenas abrigo e/ou transporte.
- Mutualismo: quando na associação entre dois organismos de espécies diferentes vivem em íntima associação, havendo benefício mútuo.
- Comensalismo: é a associação entre duas espécies, onde uma obtêm vantagens sem promover prejuízos para a outra.
- Parasitismo: é a associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios,ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece nutriente e abrigo, promovendo danos ao hospedeiro.
Quando nossa microbiota intestinal está equilibrada, a relação simbiótica é o mutualismo. Quando ocorre um desequilíbrio entre as bactérias benéficas e danosas temos a disbiose.
O que causa a disbiose?
A disbiose é decorrente de causas multifatoriais, tais como hábitos de vida inadequados, alimentação desequilibrada e estresse. De acordo com pesquisadores, os hábitos de vida que predispõem ao desenvolvimento da disbiose são:
- Estresse
- Uso frequente de antibióticos
- Laxantes, corticoides e antiácidos
- Alterações na motilidade intestinal
- Alimentação inadequada
- Toxinas alimentares
- Poluição
- Alcoolismo
- Imunodeficiência
- Infecções ou infestações intestinais
- Alterações do pH gástrico ou intestinal.
Além disso, a dieta do indivíduo pode ser considerada uma das mais importantes causas da disbiose, pois a alimentação influencia de modo direto a composição da microbiota intestinal.
Vamos entender a relação dos alimentos com a disbiose:
Os alimentos que são agressores da microbiota intestinal são praticamente todos os industrializados, mas temos dois que são mais estudados: o trigo e o açúcar. O trigo depois da década de 70 que houve a transformação genética do trigo com o objetivo de aumentar a produção, foi adicionado ao glúten a molécula de gliadina e que está por trás dos problemas atribuídos a disbiose intestinal. Não estou falando aqui dos celíacos que apresentam intolerância ao glúten, pois os celíacos sofrem uma reação autoimune que agride o intestino, enquanto que nas outras pessoas o glúten causa uma inflamação que a longo prazo auxilia no desequilíbrio da microbiota intestinal.
O açúcar funciona como um estimulante das bactérias danosas enquanto inibe o desenvolvimento das bactérias boas.
Devido a essas mudanças na microbiota intestinal, a parede do intestino torna-se permeável, e o problema, irremediavelmente, passa a ser de intestinal a geral. A parede intestinal atua como ponte e fronteira, por um lado participa na assimilação de nutrientes e, por outro, impede as bactérias e proteínas aderirem a parede da mucosa intestinal. Quando essa barreira se torna franqueável sem nenhum controle, ficamos à mercê de numerosas doenças.
A microbiota intestinal tem muitas funções significativas no corpo humano, incluindo o suporte à proteção contra patógenos, criação de diferentes substâncias antimicrobianas, melhorando o sistema imunológico, desempenhando um papel vital na digestão e no metabolismo. Controla a proliferação e diferenciação de células epiteliais, modificando a resistência à insulina e afetando sua secreção, influenciando a comunicação cérebro-intestino e assim, afetando a função neurológica.
Esse desequilíbrio denominado de disbiose, pode se estender por longo tempo, acelerando o envelhecimento e enfraquecendo ostensivamente todo o organismo. De fato, muitos problemas atribuídos a idade, tem sua origem nesse desequilíbrio da microbiota intestinal e poderia ser resolvido.
Como é feito o diagnóstico da disbiose?
A disbiose é uma condição clínica de diagnóstico complexo, para se confirmar seria preciso uma biópsia da mucosa intestinal para sequenciamento do material genético dos microrganismos aderidos a ela, um exame de alta tecnologia e alto custo. Por isso o diagnóstico é clínico e utiliza alguns marcadores de exames nas fezes. Como o exame coprológico funcional que avalia todo o trato gastro intestinal, através da realização de exames macroscópicos, microscópicos e químicos.
Portanto, a microbiota intestinal desempenha um papel significativo na manutenção da fisiologia e saúde. As consequências dos estados de ausência da microbiota intestinal e de perda de sua homeostasia (é o processo pelo qual o organismo mantém constantes as condições internas necessárias para a vida) mostram a importância da manutenção de sua normalidade e equilíbrio.
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* Este texto foi redigido conforme evidências disponíveis até 03/05/2022
Bibliografia utilizada
https://www.jstage.jst.go.jp/article/jmi/63/1.2/63_27/_article
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4885777/https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5486131/