A anemia é uma das condições clínicas mais comuns na prática clínica, afetando a impressionante parcela de 25% da população. Anemia é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal.
Causas da anemia:
O surgimento dessa condição pode ser causada por diversos fatores:
- perda de sangue;
- deficiência de ferro, vitamina B12 ou folato;
- inflamação crônica, defeitos hereditários de enzimas ou da membrana eritrocitária ou hemólise autoimune ou angiopática.
Qual é a causa mais comum?
A causa mais comum é por deficiência de ferro, e a fonte de ferro é da alimentação. A absorção de ferro ocorre predominantemente no duodeno proximal. O ambiente ácido do estômago auxilia a diminuir o pH e melhorar a solubilidade e, consequentemente, a absorção do ferro.
Fígado e rins têm papel inexpressivo na excreção de ferro, portanto, a principal regulação dos estoques de ferro é pela ingestão. Normalmente, cerca de 10% do ferro ingerido é absorvido.
Entretanto, na presença de deficiência de ferro, esse valor pode aumentar consideravelmente. Nos estágios iniciais da deficiência de ferro dificilmente apresenta sintomas, mas ao longo do tempo com deficiência de ferro vários sinais e sintomas surgem:
- fraqueza
- indolência (falta de força)
- dispneia aos esforços (falta de ar).
- Outros sinais comuns e mais conhecidos são a palidez das mucosas.
A falta de vitamina B12 e folato no organismo
A segunda causa mais comum é a deficiência de folato e vitamina B12. Os folatos são sintetizados por vegetais e microrganismos e se apresentam amplamente distribuídos na natureza. Vegetais folhosos, frutas, leveduras, fígado e rins são fontes ricas de folato.
A vitamina B12 também denominada de cianocobalamina, é somente produzida por microorganismos e é um requisito absoluto da dieta. As proteínas animais como carne, ovos, leite e derivados são as principais fontes de vitamina B12.
Anemia megaloblástica
O metabolismo do folato e da vitamina B12 são intimamente relacionados, e a deficiência de qualquer um deles pode se manifestar como anemia megaloblástica. A definição de “megaloblástica” se refere à aparência de células desproporcionais entre núcleo e citoplasma, o que sugere assincronia na maturação dessas estruturas.
São três as características principais da anemia megaloblástica. Além das manifestações sistêmicas inespecíficas já conhecidas, é importante ressaltar que, na megaloblástica, principalmente no que ocorre por deficiência de vitamina B12, é comum que haja disfunção neurológica.
Por fim, essas são as principais causas de anemia na população, mas existem as denominadas hemoglobinopatias, que são anormalidades na molécula da hemoglobina. Estas são causas genéticas.
Como é feito o diagnóstico?
Para investigar a deficiência de ferro existem vários exames tanto para diagnóstico como para acompanhar a evolução do tratamento.
Os exames laboratoriais para investigação de anemia mais comuns são:
Hemograma
O hemograma que traz a informação da quantidade de hemoglobina, a porcentagem de células vermelhas (hematócrito), o tamanho das hemácias (varia de acordo com o tipo de anemia), forma da hemácia;
Velocidade de hemossedimentação (Exame VHS)
O exame de velocidade de hemossedimentação que reflete a velocidade que as células vermelhas caem através do plasma em uma coluna;
Dosagem de ferro sérico
Ferritina
No exame de ferritina que verifica o depósito corporal de ferro; capacidade de saturação da transferrina que reflete o nível de transferrina (é uma proteína principalmente produzida pelo fígado e que tem como principal função transportar o ferro) por meio dos sítios de ligação ao ferro disponível.
Tratamento da anemia
Uma vez identificado o distúrbio, a causa deve ser identificada para tratamento, pois para cada tipo de anemia é necessário um tratamento. O exame mais comum para acompanhar a evolução do tratamento é a pesquisa de reticulócitos.
A anemia é um achado frequente na infância, fundamentalmente pautada por carências nutricionais, mas também acomete adultos. Os achados da anamnese e exames laboratoriais acessíveis permitem o diagnóstico e o tratamento precoce, podendo evitar repercussões importantes e deletérias de longo prazo no desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capacidades motoras das crianças. Em caso de suspeita, procure seu clínico.
* Este texto foi redigido conforme evidências disponíveis até 29/07/2022.
Conteúdos para aprofundar o seu conhecimento:
Artigo URFGS sobre “Anemia” produzido em 2022.
Relação entre profissionais de saúde e pessoas com anemia falciforme.