A tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo, descoberta em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, mas registros datados de 8.000 antes de Cristo e evidências da doença em ossos humanos pré-históricos na Alemanha demonstram sua antiguidade.
Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BKs), a tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas.
Como a tuberculose se expandiu no mundo?
A expansão da doença mundo afora se deu com o advento das guerras, que estreitavam o contato entre indivíduos. A tuberculose passou a ser melhor compreendida nos séculos XVII e XVIII com o surgimento do estudo da Anatomia.
Foi quando ela passou a ser chamada de tuberculose e não mais de Tísica.
A partir do final do século XVIII a enfermidade foi vinculada a duas representações: 1) a primeira, associava a uma doença romântica, que acometia principalmente poetas e intelectuais; 2) a outra, criada em fins do século XIX, vinculava a um mal social, visão que permaneceu durante o século XX.
Desde o século XIX a doença era tratada com a terapêutica higieno-dietética, que consistia em uma boa alimente ação, repouso e incorporava o clima das montanhas. Para isso, os pacientes eram isolados em sanatórios e preventórios.
Como a tuberculose era tratada no Brasil?
No Brasil em 1920, com a Reforma Carlos Chagas, que deu origem ao Departamento Nacional de Saúde Pública, o Estado passou a estar mais presente na luta contra a doença, criando a Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose.
Na década de 1930 surgiram avanços no combate à doença com a vacina BCG, melhorias no diagnóstico e avanços nas cirurgias torácicas. Com a descoberta de medicamentos específicos na década de 1940 e a comprovação de sua eficácia ao longo das décadas de 1950 e 1960, o tratamento passou a ser ambulatorial sem a necessidade de internação, o que culminou na desativação dos sanatórios.
O uso de antibióticos revolucionou o combate à doença
O advento do tratamento com antibióticos, unido a medidas de profilaxia e simplificação do diagnóstico, ocasionou uma redução significativa no índice de mortalidade pela doença.
A partir dos anos 1990, apesar da crença de que a doença estava controlada, observou-se em várias regiões do mundo um crescimento de casos principalmente associados à infecção pelo HIV. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados anualmente 5 milhões de novos casos de coinfecção no mundo.
Estudos de autopsia apontam a TB como responsável por 33% das mortes de soropositivos, mesmo entre os que foram tratados com antirretroviral de elevada eficácia. Outro dos grandes desafios enfrentados pelos Programas Nacionais de Controle da Tuberculose (PNCTs) é o aumento da forma resistente da doença em diversos países nos últimos anos.
Como é o tratamento da tuberculose?
O tratamento é à base de antibióticos e tem duração de seis meses. É 100% eficaz, mas não pode haver abandono nem irregularidade. Muitas vezes o paciente não recebe o devido esclarecimento e acaba desistindo antes do tempo, por sentir melhora acentuada já nas primeiras semanas de terapia.
Para evitar o abandono do tratamento é importante que o paciente seja acompanhado por equipes com médicos, enfermeiros, assistentes sociais e visitadores devidamente preparados, sendo indicado o regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO), em que o profissional de saúde acompanha e observa a correta ingestão dos medicamentos. O tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose resistente às drogas utilizadas e, portanto, mais difícil de ser tratada.
A tuberculose (TB) continua sendo um importante problema de saúde pública mundial. Estima-se que em 2019, no mundo, cerca de dez milhões de pessoas desenvolveram TB e 1,2 milhão morreram devido à doença. Quanto aos desfechos de tratamento, em 2018, o percentual de sucesso de tratamento foi de 85% entre os casos novos.
Em relação ao Brasil, o país continua entre os 30 países de alta carga para a TB e para coinfecção TB-HIV, sendo, portanto, considerado prioritário para o controle da doença no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes.
Como é transmitido a tuberculose?
A transmissão é direta, de pessoa a pessoa, portanto, a aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Alguns pacientes não exibem nenhum indício da doença, outros apresentam sintomas aparentemente simples que são ignorados durante alguns anos (ou meses).
Sintomas:
Contudo, na maioria dos infectados, os sinais e sintomas mais frequentemente descritos são:
- tosse seca contínua no início;
- presença de secreção por mais de quatro semanas, transformando-se, na maioria das vezes, em uma tosse com pus ou sangue;
- cansaço excessivo;
- febre baixa, geralmente, à tarde;
- sudorese noturna;
- falta de apetite;
- palidez;
- emagrecimento acentuado;
- rouquidão;
- fraqueza;
- e prostração.
Em casos graves apresentam dificuldade na respiração, eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) – se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica.
Quando as bactérias causadoras da TB entram em contato com o hospedeiro, três situações podem ocorrer:
(1) a resposta imune do hospedeiro elimina completamente o agente;
(2) o sistema imune não consegue controlar a replicação dos bacilos, causando a tuberculose primária; (3) o sistema imune consegue conter as bactérias em granuloma, de forma latente, podendo provocar a tuberculose pós-primária ao escapar do sistema imune.
Por isso, a ideia que a doença está restrita a situação social é errada, como vivemos em um ambiente de alto índice da infecção, entramos em contato com a bactéria, a maioria não irá desenvolver a doença, mas ela pode ficar na forma latente e vir a causar a doença anos depois do contato com o agente infeccioso.
O diagnóstico definitivo de TB se dá pela identificação dos BKs de uma amostra biológica através da baciloscopia (exame microscópico), da cultura ou de métodos moleculares (detecção de DNA da bactéria). A principal amostra coletada é escarro e deve ser orientada pelo laboratório de sua confiança para a correta coleta e com isso sucesso no diagnóstico da doença.
Com os avanços em tecnologia na área de diagnóstico, hoje temos o teste IGRA que detecta proteínas relacionadas à tuberculose, não diferencia doença ativa ou latente, importante nos casos mais difíceis de diagnóstico e também para início de terapias imunossupressoras.
Em caso de dúvidas quanto aos exames, entre em contato conosco ou procure seu clínico de confiança.
* Este texto foi redigido conforme evidências disponíveis até 12/07/2022.
Referências:
https://portal.fiocruz.br/taxonomia-geral-doencas-relacionadas/tubercuolse
https://revista.liberato.com.br/index.php/revista/article/view/317/219