A Vitamina D está prestes a se tornar centenária entre as famílias das vitaminas, recebeu um nível extraordinário de maior interesse e esforço em pesquisa nas últimas décadas. Em 2020, houve um aumento de 700% de publicações científicas quando comparado com a década de 80. Esse aumento de interesse científico na Vitamina D ocorreu devido a descoberta da atuação em processos não esqueléticos, já que se sabia da atuação em processos esqueléticos como na homeostase óssea (processo fisiológico para manutenção do tecido ósseo) e processos fisiológicos relacionados ao cálcio.
Com o início da pandemia de COVID-19, muitos estudos em diversas áreas foram iniciados para tentarmos entender melhor como esse novo vírus entra em nosso organismo e causa doença e com esse conhecimento tentar prevenir e tratar da melhor forma possível. Nesse contexto, a Vitamina D foi foco de alguns estudos, vamos entender o porquê.
Qual “resposta imunológica” nosso corpo produz contra o COVID-19?
A grave síndrome respiratória aguda por coronavírus 2 (SARS-Cov-2) se dá pela tempestade de citocinas que nosso organismo produz em resposta ao vírus, a tão falada “resposta imunológica” ou seja, uma resposta exacerbada do nosso organismo ao vírus que gera os sintomas e uma condição clínica grave. Isso ocorre porque o vírus utiliza um receptor que existe em nossas células epiteliais pulmonares, para entrar na célula, causando dano celular, mas esse mesmo receptor também está nas nossas células responsáveis pela resposta imunológica contra o vírus como macrófagos, neutrófilos e células T, gerando a tempestade de citocinas inflamatórias.
Quais são os tipos de “resposta imunológica” que nosso corpo produz?
Nós temos dois tipos de resposta imunológica em nosso organismo, a resposta inata e a adaptativa. Falaremos abaixo:
“Resposta imunológica” inata
A inata representa uma resposta rápida e estereotipada a um número grande, mas limitado, de estímulos. É representada por barreiras físicas, químicas e biológicas, células especializadas e moléculas solúveis, presentes em todos os indivíduos, independentemente de contato prévio com os agentes agressores (por exemplo os vírus), e não se altera qualitativa ou quantitativamente após o contato.
“Resposta imunológica” adaptativa
A resposta adaptativa ou também denominada adquirida é mais demorada, em torno de 3-7 dias, mas mais duradoura devido a produção de anticorpos e se altera quantitativamente após o contato com os agentes agressores.
E qual o papel da Vitamina D na “resposta imunológica” do nosso organismo?
A Vitamina D atua aumentando a resposta imunológica inata, responsável pelo combate ao vírus e diminuindo a resposta imune adquirida, responsável pela liberação da tempestade de citocinas. Alguns autores afirmam que a Vitamina D pode também regular os receptores responsáveis pela entrada do vírus em nossas células, com isso o vírus não conseguiria se multiplicar e causar doença.
O que os estudos apontam sobre a relação da Vitamina D e COVID-19?
Após dois anos de pandemia, temos muitos trabalhos publicados sobre a relação da Vitamina D e COVID-19, que no início da pandemia não tínhamos. Hoje temos estudos consistentes demonstrando essas atividades em relação a ação protetiva e auxiliadora na resolução da doença. Se pesquisarmos no PUBMED “ Vitamin D and COVID-19” encontramos 107 artigos publicados sobre a relação entre eles.
A Vitamina D ou calciferol é uma substância obtida a partir da exposição à luz solar (raios ultravioletas B – UVB), ela também pode ser obtida através da alimentação, como em peixes e carnes que abrigam duas formas principais deste componente, a D2 (ergocalciferol) e D3 (colecalciferol).
Níveis de vitamina D (25(OH)D) são mensurados na corrente sanguínea, através de uma coleta simples de sangue, sem necessidade de jejum. A maior parte dos países e instituições médicas assumem como deficiência de Vitamina D, valores plasmáticos inferiores a 20ng/mL. Estudos mostraram que quando a concentração plasmática de Vitamina D está entre 45-60 ng/mL, tem maior atuação contra o COVID-19. A concentração plasmática de até 100 ng/mL é segura, concentrações mais altas, acima de 100 ng/mL, podem ser tóxicas e devem ser acompanhadas pelo seu médico, um dos exemplos é a restrição de cálcio devido ao acúmulo nos rins quando a Vitamina D está em concentrações altas.
Uma observação importante a se fazer, é que existem vários estudos e protocolos de terapias específicas com altas doses de Vitamina D para tratamentos de diversas doenças, mas sempre acompanhado por um médico responsável.
Estudos recentes avaliaram os níveis médios de Vitamina D na população de aproximadamente 40 países, assumindo como deficiência valores abaixo de 25/30 nmol/L, o número de pessoas com deficiência de Vitamina D chega a bilhões de indivíduos globalmente. Essas estimativas de prevalência são baseadas em dados de pesquisas nacionalmente representativas que são fundamentais para informar a magnitude do problema de saúde pública em todo o mundo.
Em conclusão, a desregulação imunológica é uma característica fundamental da COVID-19 grave, a restauração do equilíbrio imunológico para prevenir a tempestade de citocinas hiperinflamatória é uma estratégia razoável para combater a gravidade da doença no COVID-19. No entanto, as terapias imunomoduladoras convencionais podem ser uma faca de dois gumes, pois podem suprir involuntariamente as respostas imunes protetoras. Nesse contexto, os papéis duplos da Vitamina D de controlar inicialmente a replicação viral e depois atenuar a hiperinflamação são tentadoras. Isso é consistente com a observação de que baixos níveis de Vitamina D podem afetar negativamente o resultado de pacientes com COVID-19.
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Bibliografia
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*Este texto foi redigido conforme as evidências disponíveis até 11/03/2022.