O que é a dengue?
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada pelo vírus da dengue, este vírus apresenta 4 sorotipos, ou seja, 4 tipos diferentes. Denominado de arbovírus, pois é transmitido ao homem pela picada de um mosquito, o Aedes aegypti.
O período do ano de maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos de cada região, geralmente entre novembro a maio, pois está diretamente relacionado com a proliferação do mosquito. Por isso que ocorrem epidemias em certas regiões do Brasil, como está acontecendo em algumas cidades do nosso estado (Rio Grande do Sul). Todas as faixas etárias são suscetíveis à doença.
Estas infecções variam de assintomáticas a graves, isso vai depender do tipo de vírus e também se é a primeira infecção pelo vírus ou não.
Quais são os sintomas da sengue?
Os sintomas mais frequentes são:
- Febre alta, superior a 38°C
- Dor no corpo e articulações
- Dor atrás dos olhos
- Mal estar
- Falta de apetite
- Dor de cabeça
- Manchas vermelhas no corpo.
A forma grave da doença inclui dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Como é feito o diagnóstico da dengue?
Com a pandemia da COVID-19, a sociedade começou a estudar para entender qual o melhor método de diagnóstico a se utilizar. Mas para quem não é da área pode erroneamente levar esse conhecimento para outros diagnósticos e cometer erros.
No caso do diagnóstico da dengue, temos os métodos diretos, que seriam a pesquisa do vírus por RT-PCR e os métodos indiretos, a pesquisa do antígeno NS1 e anticorpos IgM por testes sorológicos. Além de exames inespecíficos que auxiliam o clínico no prognóstico da doença, como hematócrito, contagem de plaquetas e a dosagem de albumina.
Diagnóstico por sorologia
Na dengue o método de escolha para diagnóstico de rotina é a sorologia, pesquisa de anticorpos IgM que podem ser detectados a partir do 6° dia do início dos sintomas, embora em infecções secundárias (situação em que já houve uma infecção por outro sorotipo anteriormente) sua detecção possa ocorrer a partir do segundo ou terceiro dia, permanecendo em média por 90 dias. Já os anticorpos IgG podem ser detectados a partir do 9° dia na infecção primária e já estar detectável desde o primeiro dia das infecções secundárias. Quando existe situação de epidemia (surto periódico de uma doença infecciosa em dada população e/ou região), a indicação de realização de sorologia pode ser limitada.
Diagnóstico pela virologia
Os métodos virológicos tem por objetivo identificar o patógeno e monitorar o sorotipo viral circulante. Devem ser coletados preferencialmente no 3° dia até o 5° dia após início dos sintomas. Consistem no isolamento viral, detecção do genoma viral e detecção de antígenos virais, métodos geralmente disponíveis nos laboratórios de referência estaduais e nacionais e de indicação definida pela Vigilância Epidemiológica. A indicação desses exames pode ser ampliada em períodos inter-epidêmicos.
Testes rápidos
O teste rápido para detecção do antígeno viral NS1, proteína não estrutural importante para a replicação viral, é positivo no período inicial da infecção. Tem como objetivo principal estabelecer o diagnóstico o mais rapidamente possível em pacientes com sinais de gravidade, para que as medidas de cuidado sejam prontamente instituídas. Deve ser realizado preferencialmente nos primeiros três dias do início dos sintomas. A presença do antígeno NS1 é indicativo de doença aguda e ativa, porém um resultado negativo, diante de um quadro suspeito de dengue, não exclui o diagnóstico.
Durante uma epidemia, um caso confirmado é aquele que apresentou confirmação laboratorial, a definição de caso suspeito engloba a presença de febre com duração máxima de 7 dias (geralmente superior a 38°C), acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaleia, dor retro-orbitária (atrás dos olhos), mialgia (dor muscular), artralgia (dor nas articulações), prostração (fraqueza), exantema (manchas vermelhas na pele) ou náuseas ou vômitos.
Portanto, para aumentar a sensibilidade do teste diagnóstico, é indicado realizar o teste de antígeno associado ao teste sorológico de anticorpo. Pois teremos, em caso de presença da doença pelo vírus da dengue, um período mais amplo de cobertura do teste. Já que o antígeno é detectável a partir do 3° dia de sintomas, mas não detectável após o 7° dia do início de sintomas. Os anticorpos têm um início mais tardio na infecção primária, mas mais longo de ser detectável, já na secundária são detectados nos primeiros dias de sintomas. Muitas vezes não sabemos se já tivemos dengue porque ela pode ser assintomática e diferente de outras infecções, a doença tende a ser mais grave nas infecções secundárias do que primárias.
Na dúvida de qual exame realizar peça informações para seu clínico ou em laboratório de sua confiança. Estamos sempre disponíveis a esclarecer para contribuir no combate ao vírus da dengue.
* Este texto foi redigido conforme evidências disponíveis até 16/05/2022.
Bibliografia utilizada:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue
https://saude.rs.gov.br/dengue
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7472303/pdf/viruses-12-00829.pdf